Um novo presidente para um novo eleitor
O processo eleitoral de 2018 foi diferente de tudo o que se viu nos últimos anos no nosso país. A afirmação é praticamente senso comum, mas preciso fazê-la para dar início ao raciocínio.
Mudou a forma de fazer a campanha.
A televisão já não é mais o elemento primordial para levar aos eleitores as propostas ou os debates de ideias. A internet, por meio dos diversos canais da rede social, foi preponderante como meio de informação. O eleitor, por sua vez, deixou de lado uma certa inércia e assumiu uma postura mais ativa e participativa.
Ao mesmo tempo em que percebemos algumas diferenças entre as campanhas anteriores, muito do que se viu nesse processo, se assemelha com o pleito de 1989, quando ainda experimentávamos a retomada da democracia.
Naquele momento também tivemos uma grande quantidade de candidatos disputando o cargo de presidente. E apesar do volume de concorrentes, no conjunto, as propostas estavam centradas em ideias ora liberais ora socialistas, mostrando um viés de polarização.
Apesar de as conjunturas políticas serem distintas, nas duas situações ficou evidente que a população queria uma ruptura com tudo o que estava posto. Portanto, agora, não se pode considerar, de forma simplista, que Jair Bolsonaro é um vitorioso e que Fernando Haddad é um derrotado. A complexidade do resultado vai muito além.
As urnas mostram que os eleitores depositaram em Bolsonaro um desejo de mudanças. E caberá ao candidato eleito a responsabilidade de acatar essa vontade e promover transformações, lidando de forma adequada com a expectativa e a realidade.
Da oposição, espera-se que cumpra o papel com coerência, respeitando ideais, mas sem o maniqueísmo que se viu propagado ultimamente. É um novo momento. É imperioso que se dê o tempo mínimo necessário para que os projetos tomem forma e as mudanças aconteçam.